segunda-feira, 23 de abril de 2012

Progresso, regresso, congresso

E se a América do Sul fosse a do Norte e o Bush fosse o homem-bomba da vez? Se fôssemos todos da Zona Oeste, a Zona Sul seria ainda a Zona Sul ou só uma zona? Se Brasília fosse em Madureira, teríamos oferta de leis? Se o samba fosse no violino, teríamos Orsquestródomo?  E se pão doce fosse salgado, como se chamaria o pão de açúcar? Aliás, quando o Cristo se cansar e fechar os braços, o que vamos fazer? Como vai ser quando o Rio do Janeiro secar? Quando a bolsa de valores for parar nas mãos do bandido? Se o sertão virar mar, nordestino é marajá? Se limão secar nas árvores, serve caipirinha de maracujá?  Se escargot ir à Bahia, ele vira vatapá? Se acabar tudo em pizza, pode ser com Coca-Cola? Se o campo fosse a escola, ainda se jogaria bola? 

domingo, 8 de abril de 2012

Petecas e outros bobagens



          Parem de falar que a infância de hoje não é mais como era a sua. Essa obviedade , perdoem-me a redundância, é óbvia. No hall das coisas que mudam, a infância é apenas um pequeno estilhaço desse mosaico. Seus avós falavam isso de seus pais, estes falavam isso de você e agora, você, redentor da verdade e da consciência crítica, postula o fato da decadência de uma infância, supostamente, angelical.
           Você brincava de pião e soltava pipa. Seus filhos brincam de vídeo-game e navegam na internet. Pois bem, o mundo mudou e isso não te faz melhor ( nem pior ). O que vivemos na infância fizeram de nós o que somos hoje e o apego às coisas saudosas que temos atualmente, será o mesmo que as crianças de hoje terão por seus objetos saudosos no futuro. Não existe critério de valor nessa relação, não há patamares a serem preenchidos, tão pouco há extinção de infância.
             Dizer que vivemos em uma época determinada e aproveitamos certas coisas que já não podemos, de certa forma traz um status – termo aqui recheado de requinte, uma elegância fajuta, uma postura privilegiada que só existe na cabeça daqueles que sentem. A concepção de infância ideal já pulou da peteca para o computador e do computador pulará, certamente, para mais alguma coisa...

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Sobre a arte de palitar os dentes


Palitar os dentes é uma tarefa sábia
A gente se livra dos pedaços do mundo
E vai se livrando dos pedaços da gente.
Mas é preciso sutileza.
Nessa brincadeira de se livrar
Você se livra muito de si próprio
E corre sangue...e corre lágrima.
Não se pode esquecer do auxílio dos dedos
Eles cobrem o mau jeito, a timidez dos dentes
Preservam a alma dos olhares atentos
Cheios de curiosidade sobre o sorriso
Não o sorriso da boca
Mas o sorriso da vida.