terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Mel



                  Derramo um pouco de mel nessa bola de mágoa na garganta que lateja e venho. Venho e me faço aqui várias vezes, porque somente assim é possível ensimesmar-se. É preciso estar não só atento, mas seguro e eu estou devagar, enrolando as pontas dos dedos nas pontas da coberta que me cubro devagar. Não me importo que seja devagar. Eu até prefiro. Só quero que seja. Quero que seja eu e o que ensimesmou em mim. Não quero que sobre espaço. Eu quero é que falte tempo para recorrer a qualquer coisa que não seja o caminho que só se faz enquanto eu o faço.  Vou devagar. Lento eu me desfaço.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Uma vez e mais

           E todas as vezes que me disserem que não, em todas as vezes que eu for desconstruído, eu vou teimar uma vez e mais. Minha vingança será parir amor sem lei, por todos aqueles que abortaram de mim meus planos. Eu não quero queimar etapas, nem me dopar de doses de risos de açúcar que se desfazem e viram maremoto. Eu quero experimentar as faces de todas elas. Até o final. Provar o amargo até a boca se sentir confortável e o corpo estar imune ao gosto acre. Uma vez e mais. Eu quero a experiência sólida da queda do precipício em câmera lenta até o finalzinho para entender os outros e me entender. Eu não quero tomar nada que me corrompa, nem quero nada que não me pertença. É um acordo meu e único.