segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Big Bang

            Viver não é experimentar o óbvio, já sabemos. E não é à toa que estamos sempre na espera pelos encontros, pelas sinuosidades, pelas curvas acentuadas, pelas derrapadas, pelos inesperados, pelas alterações cardíacas, pelas coisas impalavráveis, pelas coisas impronunciáveis, pelo erro, pela fuga, pelo desconserto, pelas deturpações, pela secura na boca, pelo tremelicar das pernas, pelo borboletear na barriga, pela pulsação do peito, pela surpresa, pelo xeque-mate, pelos olhares oblíquos, pela sudorese das mãos, pelo último gole de pinga, pela última música da noite, pelo porre, pelo estrago, pela alteração de pressão, pela alteração de glicose, pela alteração dos hormônios, pelo dilatar das pupilas, pelo desequilíbrio, pelo desalinho, pelo triturar, pelo desestruturar.
             Estamos em busca, todos os dias, por aquilo que não é da ordem do dia. Sair do eixo natural de tranquilidade - seja ela emocional ou de qualquer outra natureza - é prazeroso e perigoso. Toda forma de emoção é um perigo delicioso.