terça-feira, 11 de novembro de 2014

Ou

Poesia
Todo
Dia
É
Sinal
De
Dor
Ou
Alegria?

Minhas palavras:

Verdades inteiras
Laranjas perfumadas
Cachaças curtidas
Estilhaços reunidos
Músicas certeiras
Músicas incertas
Sonhos asmáticos
Amores lexicais
Léxicos sexuais
Abraços de gás hélio
Beijos sôfregos
Colos fortes
Sementes furiosas
Raios irados
Tempestades aveludadas
Venenos curativos
Convites de vidas
Pedidos desesperados
Nuvens indomáveis
Plantas rasteiras
Cobras astutas
Rios sem freios
Gritos no escuro
Corações engarrafados.


Meios ouvidos.

Manifesto Incendiário

                  Todo texto é um milagre; todo milagre é uma exceção. Todo texto é uma estrela-novidade, uma bandeira fincada no oceano. Toda estrela é o resquício de algo que já existiu e que ainda brilha aos nossos olhos atrasados. De tempos em tempos, temos de incendiar os textos que fazemos. Queimá-los. Purificar as letras com fogo que devora. Lançar sobre a superfície deles essa fome de fogo que come e que só deixa pó. Queimá-los não é o fim deles, é o começo de uma nova etapa. Queima-se o texto, mas as realidades instauradas por ele vão parar nas vias respiratórias, no pulmão e de lá tomam rumo para as vias sanguíneas, para a raiz do osso, para a retina, para a gengiva, para as unhas, para a sola do pé. Quando queimamos os textos e eliminamos sua manifestação física, colocamos à prova o quanto dele existe para além do que está posto e testamos a nós mesmos, considerando que a mensagem que nele reside pode passar a existir somente em espíritos preparados, que sabem para onde olhar. Queimar os textos e eternizar a mensagem ou manter os textos e efemerizá-la? Não sou dono do que escrevo, definitivamente, mas escolho parte do meu destino e posso me rebelar ou me calar frente às palavras que saem de mim. É dia de rebelião.