sábado, 22 de outubro de 2011

Do ver ao vento

          Os dias têm estado calmos, escuros e melancólicos. Eles têm combinado comigo em tudo. Acho que toda vez que o tempo muda, é uma tentativa dos deuses em mostrar para as pessoas meu estado de espírito. As tempestades que deveriam acontecer no céu, acontecem em mim e eu tenho receio de que a chuva possa me transbordar. Dizem que as chuvas de outubro são violentas e perigosas.
          Logo eu, que nunca tive problemas em ser tempestade, ultimamente tenho sido brisa de praia e não quero deixar de ser. Quero ser vento para sempre. Vento leve e constante, que no rosto faz gelar com carinho e que nos cabelos não passa de uma brincadeira gentil. Acho que vento é felicidade. Não me espanta que ele não permita ser visto, é a estratégia da felicidade. A gente só se dá conta dela quando já passou.
         Nessa brincadeira de ser vento, eu estou ventando sem muito destino.  De lá para cá, torcendo vestidos e levantando saias, jornais e tudo que estiver pela frente. Vou enchendo bolas de festas infantis e subindo junto com elas.

Um comentário:

  1. "Logo eu, que nunca tive problemas em ser tempestade, ultimamente tenho sido brisa de praia e não quero deixar de ser." Você conseguiu em uma frase resumir os últimos dias.

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