terça-feira, 18 de junho de 2013

Cá para nós

                                                                                                [Texto de  Luana Ramos para o Brasil]

      Então é proibido MANIFESTAR apoio a partido político na MANIFESTAÇÃO? 
     Na passeata dos Cem Mil de 1968, as pessoas foram até a ALERJ porque o prédio ainda simbolizava o poder legislativo federal, que já não mais estava sediado no Rio de Janeiro e já nem mais existia. O argumento de quebrar o Muro de Berlim passa por isso: o que o Muro representava para aquele povo? Mas o que o poder legislativo estadual (ou, simbolicamente, o federal) representa para nós? Omissão? Será que só dos políticos eleitos? Mas como mudar o país sem partido político? Existe uma proposta de mudança que defenda a erradicação dos partidos? Se existe, ótimo. Que ela seja defendida! Mas é necessário calar a manifestação legítima dos grupos que querem exercer o direito também    democrático de expressar seu apoio político?
      Em 1968 se lutava pela existência dos partidos. E pela liberdade de expressão. E pela liberdade de manifestação.
     Ontem, o lema "é proibido proibir" não ecoou nesse sentido. É inegável a legitimidade e a importância disso tudo, mas, será que é legítimo calar uma manifestação partidária? Ou, se essa é a bandeira, qual a proposta de substituição a esse modelo???? A imagem de Brasília foi a mais bonita e a que quero guardar disso tudo: aquela copa aberta representa o povo. Somos nós, eleitores, que preenchemos aquela casa, escolhendo aqueles que nos representarão. A parte, representada pelos partidos eleitos, tem, em essência, a função de representar o todo. Será mesmo que não existe movimento político capaz de representar os interesses do brasileiro? O que queremos? Mudança de "tudo". Como queremos? 
        Muitas pessoas morreram para que a nossa democracia existisse. Não vamos repetir os erros do passado e impedir a manifestação de opiniões, legítima e duramente conquistada. Em um grupo de cem mil tem espaço para diversas bandeiras. Não precisamos queimá-las, sobretudo, se não sabemos como apagar o fogo depois.
        Foi muito bonito o que aconteceu ontem, mas precisamos lembrar que já engolimos cálice e o cale-se há muito tempo. É o momento da voz, não do silêncio que atordoa.
 

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