Parem de falar que a infância de hoje não é mais como era a sua. Essa obviedade , perdoem-me a redundância, é óbvia. No hall das coisas que mudam, a infância é apenas um pequeno estilhaço desse mosaico. Seus avós falavam isso de seus pais, estes falavam isso de você e agora, você, redentor da verdade e da consciência crítica, postula o fato da decadência de uma infância, supostamente, angelical.
Você brincava de pião e soltava pipa. Seus filhos brincam de vídeo-game e navegam na internet. Pois bem, o mundo mudou e isso não te faz melhor ( nem pior ). O que vivemos na infância fizeram de nós o que somos hoje e o apego às coisas saudosas que temos atualmente, será o mesmo que as crianças de hoje terão por seus objetos saudosos no futuro. Não existe critério de valor nessa relação, não há patamares a serem preenchidos, tão pouco há extinção de infância.
Dizer que vivemos em uma época determinada e aproveitamos certas coisas que já não podemos, de certa forma traz um status – termo aqui recheado de requinte, uma elegância fajuta, uma postura privilegiada que só existe na cabeça daqueles que sentem. A concepção de infância ideal já pulou da peteca para o computador e do computador pulará, certamente, para mais alguma coisa...
Apesar de nostálgica com relação a isso...
ResponderExcluirsinto-me na obrigação de concordar com você.
Mas, não sei explicar a razão, parece tão difícil não fazer essa comparação, tão difícil não sentir como se o que vivemos fosse tão mais "saudável" e "inocente" do que é hoje.
Mas você, como sempre, expôs sabiamente que isso faz parte dessa roda gigante que é a nossa vida.
E é por isso que te admiro tanto...
sempre tão sábio, tão talentoso, tão coerente...
Amo tanto...
Infinitos beijos!
Adorei o texto e concordo veementemente!
ResponderExcluirFalando sério, acho seu jeito de escrever elegantíssimo.
No mais, achei linda a metáfora do estilhaço/mosaico e do "redentor da verdade e da consciência crítica"
Parabéns =)
beijos