Nesse vagão, sujo, empoeirado de pensamentos, encontram-se
cansaços de dias inteiros, suores de vidas exaustas e bocejos variados.
Os olhos cansados, apoiados sobre livros de autoajuda, procuram nas
linhas também exaustas abrigo dos vendedores, ambulantes, pedintes
perdidos... Todos conectados por compartilharem, ainda que
indiretamente, pensamentos prazerosos de descanso e de comida quente.
Chupetas, pregadores, baterias, pentes, toalhas, brinquedos, confetes,
compassos, peneiras, pulseiras, relógios, despertadores, amoladores,
espremedores - que espremem o bagaço da laranja e da paciência dos
passageiros. Compre um, leve três! Aqui as oportunidades são únicas e o
cliente nunca sai no prejuízo. Aqui todo empurrão é movimento de guerra
e todo conforto é privilégio de poucos. Com licença, obrigado, é
direto? Que dia quente. Que vida morna. Quem vem da Central do Brasil é
quem vai para o canto dele à noite. E ainda agradecem nossa
preferência; uma maravilha!
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