sábado, 27 de setembro de 2014

AMOR (ou o que eu penso dele)

"O amor sempre é amoroso; mas umas vezes é amoroso e unitivo, outras vezes amoroso e forte. Enquanto amoroso e unitivo, juntas extremidades mais distantes: enquanto amoroso e forte, divide os extremos mais unidos."
               Ele - o amor -, como unitivo, não pode ser outra coisa senão a própria união que lhe dá nome: todo coesão, vai na contramão do aos do mundo e expande a existência da vida em um corpo outro. Como forte, é a fragmentação da unidade que ele mesmo construiu; vai se alimentando de si mesmo a partir da matéria nutritiva que pariu. Um se traduz e se revela pela compreensão do outro. É o oito deitado, a Lemniscata de Bernoulli: sem possibilidade  de quebra, fazem voltas loucas e tentam, sem sucesso, escapar de uma condição natural, infinita e, por isso mesmo, imutável, cuja solução é tão somente a experiência, o (des) encontro, a fusão, a transa, o pacto de sangue, o elo. Vivem, assim, na esperança de quem, algum dia, terão sua identidade única, sem saber que, na verdade, um, sem o outro, é apenas a experiência da inutilidade.

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