sábado, 27 de setembro de 2014

Nossa absolvição

               Toda segunda-feira traz consigo uma verdade difusa. Toda manhã de segunda-feira tem um pouco de mistério e de segredo, de começo e de novidade, de preguiça e de renascimento. A segunda-feira é a maneira inevitável que encontramos para lidar com o amargo de uma vida que quase parece se repetir. Todas as segundas são já o confronto inescapável com o por vir e, por conta dessa sua natureza devoradora, ficamos em um estado de moleza proposital, em uma lentidão masoquista prazerosa.... Todas as desgraças que acontecem na segunda-feira são culpa da própria segunda-feira, e isso traz certa segurança de que estamos imunizados dos nossos erros por conta de uma energia que está acima de nós e que tudo pode. Somos totalmente inocentes numa segunda-feira. Ela é o dia autoexplicativo, intransitivo, impossível de não ser; ela é o dia em que os que se amam contam nos dedos, em que o café tem mais gosto de café, em que toda verdade é mais dolorosa. A segunda-feira, a prova-dos-nove de nossas responsabilidades, é um gole de pinga no desjejum da semana

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