Por um tempo, eu acreditava que sabia exatamente o meu tamanho. Não me
refiro àquele metrificável, porque, quanto a ele, eu pouco tenho a
pensar a respeito. Em termos práticos, esse meu tamanho só dá forma a
uma existência que, sem ele, seria pulverizada e etérea. Eu falo de um
espaço outro, da dimensão que eu assumiria para além da matéria física,
daquele tamanho meu que varia de pessoa para pessoa. Estou bem certo de
que nunca fui do mesmo tamanho nesse sentido. Ao contrário
disso, estou me aumentando e me crescendo dentro dos que me cercam
constantemente; é um movimento involuntário e necessário, já que ser
grande demais para todos seria demais para minha capacidade de
significar coisas boas e ser pequeno sempre estaria em desconformidade
com minha vontade de mundo. Mas o problema que me interessa e para o
qual eu não posso deixar de olhar atualmente é quando há certo
descompasso entre aquele tamanho que achamos que temos e aquele que
temos de fato. Nesse ponto, reside, talvez, a problemática para dores
variadas entre as pessoas: nunca há certezas sobre o quão equiparados
são os tamanhos entre duas pessoas. Descobrir que somos - ou éramos -
menos do que achávamos é escamotear certezas, fragilizar medidas e
apagar sonhos. Veja que há pessoas na vida que passam por ela sem ser
dar conta do tamanho imenso que ocupam nos outros; outras, como eu, são
bem pequenos e nunca fizeram outra coisa senão procurar crescer.
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