domingo, 22 de fevereiro de 2015

Metros a fio

                Por um tempo, eu acreditava que sabia exatamente o meu tamanho. Não me refiro àquele metrificável, porque, quanto a ele, eu pouco tenho a pensar a respeito. Em termos práticos, esse meu tamanho só dá forma a uma existência que, sem ele, seria pulverizada e etérea. Eu falo de um espaço outro, da dimensão que eu assumiria para além da matéria física, daquele tamanho meu que varia de pessoa para pessoa. Estou bem certo de que nunca fui do mesmo tamanho nesse sentido. Ao contrário disso, estou me aumentando e me crescendo dentro dos que me cercam constantemente; é um movimento involuntário e necessário, já que ser grande demais para todos seria demais para minha capacidade de significar coisas boas e ser pequeno sempre estaria em desconformidade com minha vontade de mundo. Mas o problema que me interessa e para o qual eu não posso deixar de olhar atualmente é quando há certo descompasso entre aquele tamanho que achamos que temos e aquele que temos de fato. Nesse ponto, reside, talvez, a problemática para dores variadas entre as pessoas: nunca há certezas sobre o quão equiparados são os tamanhos entre duas pessoas. Descobrir que somos - ou éramos - menos do que achávamos é escamotear certezas, fragilizar medidas e apagar sonhos. Veja que há pessoas na vida que passam por ela sem ser dar conta do tamanho imenso que ocupam nos outros; outras, como eu, são bem pequenos e nunca fizeram outra coisa senão procurar crescer.

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